Um Porto sem rei nem roque

O Futebol Clube do Porto tem uma história rica, farta em títulos e jogadores de classe. Cresci a ver um Porto forte, saudável e estável. E,...

O Futebol Clube do Porto tem uma história rica, farta em títulos e jogadores de classe. Cresci a ver um Porto forte, saudável e estável. E, por entre o chavão de "jogadores à Porto", há uma posição que se destaca: a defesa, os centrais. Houve Aloísio, Jorge Costa, Fernando Couto, Pepe, Ricardo Carvalho e Bruno Alves. Jogadores competentes, seguros, patrões da sua defesa e reconhecidos por todos os que os rodeavam. Por entre anos a fio, o Porto soube ter na sua defesa o seu pilar, o líder dos demais, dono do balneário, o seu capitão.

Posto isto, deixo o passado e volto ao presente. Lopetegui trouxe um Marcano que procurava uma afirmação na sua carreira. A sua época não foi nada brilhante e os seus erros custaram caro. Tremeu em alturas erradas e não nivelou as suas exibições com o peso do emblema que defendia. Veio ainda um internacional holandês, de seu nome Bruno Martins Indi. Forte e bastante possante, Indi desiludiu tanto que as suas estatísticas individuais chegaram a cair no ridículo. Passou ao lado de jogos importantes, "patinou" em momentos fulcrais e cedeu psicologicamente à exigência. Mais um falhanço. Por fim,


Maicon Roque, o brasileiro conhecedor da realidade do nosso futebol e ex- Nacional da Madeira. Assumiu-se como o capitão de equipa. Era um capitão pelo peso da permanência no clube, pelo facto de ser conhecedor da realidade do mesmo. O facto de já ter sido campeão pelos dragões dava-lhe uma grande vantagem, face a uma equipa que ainda pouco azul tinha visto - só 3 jogadores apresentavam mais de 2 anos de experiência no plantel portista. Mas, Maicon saiu, e logo enquanto o barco afundava. Saiu apressadamente, do jogo, da simpatia dos adeptos e da equipa. Foi tudo tão fugaz e injustificável que abandonou o clube e deixou para trás uma braçadeira. Pior que sair, espesinhou, meteu o dedo na ferida e a sua voz ecoou num Porto habituado a orelhas moucas. Um pesadelo que o mercado não resolveu e para o seu lugar veio... Chidozie!


Chidozie é um jovem júnior que a equipa B soube desenvolver. Tinha vindo para o Porto com o intuito de chegar, um dia, à equipa principal, guiado pela serenidade de mais um patrão do eixo defensivo. Nunca pensou, o miúdo, que a sua hora tinha chegado aos trambolhões, num cenário negro em que foi empurrado para a linha da frente, onde as luzes o encadeavam. O garoto teve de engolir em seco, afastar o medo e fazer das lágrimas suor. Surpreendeu na Luz e conseguiu aguentar as críticas de uma tribuna enfurecida. Chidozie aguentou-se mas não deixou de errar, ter lacunas e evoluir lentamente. Não deixou, em momento algum, de ser menos do que a responsabilidade que tinha. E por muito que os adeptos concedessem, aquele lugar não podia ser dele, jamais, em tempo algum. Chidozie é um futuro risonho, nunca um presente forçosamente desastroso.


Na final da Taça de Portugal, o Porto voltou a revelar o que foi durante toda a sua época: instável, sem um patrão, longe da liderança que nos habituou. A este Porto faltou o seu ADN: a mística de quem entende  o que é o Porto, alguém que não quer apenas jogar, quer ganhar e liderar do início ao fim! Qualidade e carisma, portanto.


Resumindo, 3 centrais: Marcano, Indi e Chidozie. Um Porto sem rei e que ainda ficou sem Roque.

Felizmente acabou a época, Porto. Para o ano que voltes a ser "o Porto".

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