Já disse que a arquibancada é o melhor sítio do mundo?

 10 de Abril de 2003, Fui ao estádio no dia anterior. Queria ficar na central com o meu tio e os meus primos mas já não havia bilhetes. ...

 10 de Abril de 2003,

Fui ao estádio no dia anterior. Queria ficar na central com o meu tio e os meus primos mas já não havia bilhetes. Comprei um para a Arquibancada, por 20 euros.
No dia seguinte apanhei o comboio e saí antes de Campanhã, no bairro de Contumil, junto com milhares de pessoas, que era o mais próximo antes de haver metro. Chovia tanto que usar guarda chuva era inútil. Quando cheguei junto ao estádio lembro-me que este parecia estar a ferver, a cozinhar alguma coisa especial. A atmosfera era de noite grande. O jogo tinha acabado de começar e eu ainda tinha que dar a volta ao estádio e subir até à arquibancada, certamente o sítio menos apetecível do mundo para se ver futebol à chuva. Alta, desabrigada, quase parecia pairar no meio da tempestade. As escadas eram intermináveis. Uns 8 ou 9 andares certamente. Quando cheguei, sem a tirania dos lugares marcados, sentei-me perto de uma família que tinha tido a infeliz ideia de levar um miúdo de 5 ou 6 anos para dentro da tormenta. Mas que noite lhe iriam proporcionar!
Olhei para o estádio. Já disse que a arquibancada é o melhor sítio do mundo para se viver o estádio das Antas? Sentia-se a vibração. As superiores pareciam prestes a explodir de luzes, cânticos e adeptos a saltar. O estádio estava vivo, e estava louco de alegria.
Foi então que aconteceu. Foi a primeira coisa que vi quando olhei pro relvado. Claudio Lopez, esse 7, esse idolo de infância. Golo. O estádio parou 1 ou 2 segundos. E de repente, explodiu outra vez em apoio e música. Aquela equipa, a melhor de todas as equipas de Mourinho, era uma máquina quando começava a perder. Transcendia-se. Daí para a frente, todos saímos encharcados mas a Lázio foi quem levou o maior banho. Deco, Derlei, Maniche, Postiga... Ainda me lembro do som da bola a bater no poste antes de entrar. O melhor jogo do Porto que alguma vez vi. Estava dado o aviso do que aí vinha.


Por Manuel Barbosa, seguidor de A gola do Cantona.


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