Sporting - Académica: Saber fazer Justiça

O futebol tem a capacidade de nos levar do céu ao inferno e do inferno ao céu em pouco tempo. Ontem, em Alvalade, o inferno desceu à terra ...

O futebol tem a capacidade de nos levar do céu ao inferno e do inferno ao céu em pouco tempo. Ontem, em Alvalade, o inferno desceu à terra e levou a paz futebolística que desejamos. O Sporting fez o que nos habituou nestes últimos tempos: começou a perder contra uma equipa fraca o suficiente para não saber ganhar, deu a típica reviravolta ao marcador, voltou ao inferno e conseguiu, em sofrimento e cambaleando, a vitória. Um jogo com pouca história - a Académica só chutou por 1 vez, apesar dos 2 golos - em que as alternâncias sentimentais esgotaram qualquer adepto. Depois de tudo, uma certeza: o céu e o inferno do nosso futebol têm uma mancha que os separa e essa mancha é amarela.
Lusa
Alvalade tinha mais de 40 mil adeptos de gargantas afinadas e prontos para gritarem golo. Mas, logo aos 8 minutos, num canto surpreendentemente bem estudado, a Briosa consegue chegar ao golo. Rafa Soares estava no sítio certo quando todos os outros focaram-se num canto errado. Um começo em grande dos estudantes!

Daí para a frente, o Sporting correu atrás, como tem sido costume. Bryan tentou, Trigueira opôs-se com classe, Mané pediu penalti e Alvalade insurgiu-se. Este Sporting desgasta-se ao correr atrás, onde tem de fazer muito e muito bem para conseguir virar o que tornou difícil. Mas há sempre um líder, aquele que nos indica o caminho, que se entrega mais do que todos os outros e não deixa ninguém ficar para trás. Há sempre quem tem a capacidade de arranjar soluções quando o bloqueio é geral. E nesta braçadeira pesada de elogios, destacou-se Adrien. O seu golo foi um momento de classe, um punho cerrado de talento. O Sporting chegava cedo ao empate, voltava a sentir-se confortável no jogo e o coração dos adeptos voltava a ser tão grande quanto o pulmão do seu capitão.

Fonte: Lusa
A Briosa, encolhida e entregue à sorte, ainda incomodou os leões, quando num momento de contra ataque viu Rui Patrício antecipar-se ao lance e agarrar uma bola que podia ser da sorte.

Antes do intervalo e já com Jorge Jesus expulso e na bancada, o cerco à baliza de Trigueira intensificou-se. Até que Nuno Piloto, um dos alunos mais experientes, fez um disparate. João Mário recuperou a bola, Mané aproveitou e driblou o adversário, até descobrir Bryan Ruiz, sozinho, que à boca da baliza encostou para o golo. Tudo fácil e o estádio sorria. 2-1 para o Sporting, 3 pontos na mão e um sossego na alma. Filipe Gouveia nem queria acreditar no rápido desperdício daquele céu que inicialmente pisara. Um momento tipicamente estudantil, de conhecimentos pouco consolidados.

Para a segunda parte veio Gelson, o abre latas de Jorge Jesus. O sacrificado foi o discreto e lesionado William, muito longe de ser o que nos habituou. Quando o jogo parecia ser de sentido único, eis que chega o golo da Académica! Livre lateral cobrado, saída de Rui Patrício que, com um soco mal medido, coloca a bola à mercê de Ricardo Nascimento. Depois, fruto da cabeçada do central da briosa, João Real e Ewerthon disputam o lance até que o brasileiro do Sporting faz auto-golo. Conferência entre o fiscal de linha e o árbitro, protestos, pressões e golo! O empate estava feito e a polémica voltava. 2-2 e um extravasar de sentimentos.

Daí para a frente o Sporting subiu ainda mais no terreno. Montero entrou para o assalto final e Trigueira voltou a negar o golo. Primeiro num chapéu de Slimani, depois no 1x1 com Ruiz. A bola já não rolava tão bem quanto antes (se bem que o relvado de Alvalade não permite), os passes eram mal medidos e o coração atropelava a cabeça que o banco pedia.

Já perto do fim, e com a Académica reduzida a 10 unidades por expulsão de Aderlan, Montero aproveita o salto em vão de Hugo Seco e remate por entre as pernas de Trigueira! Faltavam 6 minutos para o término do jogo e Alvalade gritava de raiva o golo da vitória! Montero parecia frio demais para tamanha emoção.

Até final, um leão nervoso e uma Académica remetida à sua área, sem grandes intenções de subir. Uma vitória justa e sofrida, envolta em muita polémica e apresentada num carrossel de emoções!

O Positivo: No onze inicial leonino estavam 6 portugueses formados internamente. Uma identidade muito interessante.
Rúben Semedo soube não complicar e ficar sempre bem, no meio da simplicidade e da inoperância dos estudantes.
A alma deste leão: quando o corpo parece cansado, o Sporting faz das tripas coração e acredita sempre.
O carácter de Adrien. Podia dizer apenas o seu golo, mas um golo é pouco para tanta importância de um só homem.

O Negativo: O desinteresse pelo jogo que a Académica demonstrou. Remeteu-se ao último reduto e de lá não saiu. Muito pontapé para a frente, 2 lances apenas e 1 remate efectuado. 2 golos e escudou-se na polémica.
Cosme Machado: não soube ser discreto e decidiu muitas vezes mal. Mais do que decidir muitas vezes mal, o peso e gravidade dos erros. O feio estado de uma arbitragem (nada) profissional.
Slimani e William Carvalho: o argelino esteve irreconhecível. Passou discreto quando tem sido o maior motivo de todos os debates. William saiu novamente ao intervalo, desta vez tocado. Os jogos sucedem-se e a irregularidade exibicional mantém-se. Muito longe do seu valor.


Tiago Carvalho

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