Sterling Stones!

   Notícias apontam para que o Everton tenha rejeitado a terceira proposta do Chelsea por John Stones, numa oferta avaliada em cerca de 42,...

   Notícias apontam para que o Everton tenha rejeitado a terceira proposta do Chelsea por John Stones, numa oferta avaliada em cerca de 42,5M de €! Ao que parece o jovem central inglês de 21 anos, titular nos toffees é a escolha de Mourinho para a sucessão de John Terry. Agora pensamos 42,5M não é um oferta soberba por um central de clube médio/alto em Inglaterra que apesar de tudo ainda não tem provas dadas que será um central de elite? Porquê esta febre pelo central inglês quando na Europa haverá centrais melhor preparados para o presente por menos ou por tanto dinheiro? Hummels, Garay ou Godin por exemplo, ou centrais promissores como Umtiti ou Mikel San José. 42,5M seria dos valores mais caros pagos por um defesa, o que leva o Chelsea a querer e o Everton a recusar? 

 Bem certamente a capacidade financeira dos dois clubes e o talento do central ajudam a explicar a resposta, mas um terceiro factor poderá ser fundamental neste negócio, que é o facto de num espaço de 4anos a partir de 2016 as regras na Premierleague para inscrição de um plantel mudarem. A Federação Inglesa de futebol quer por em prática uma maior restrição face a jogadores estrangeiros e promover a utilização de jogadores formados localmente (Inglaterra ou no Pais de Gales). Actualmente para um jogador ser considerado formação local teria de ter disputado 3 temporadas nos países antes dos 21 anos, ou seja a partir dos 18,independentemente da nacionalidade, dai que nas regras actuais jogadores como Clichy, Fabregas ou Schneinderlin contem para estas vagas. Com as novas regras já não seria assim e os três jogadores contariam como estrangeiros, pois segundo as novas regras para o jogador contar como formação local terá de contabilizar 3épocas em Inglaterra ou Gales antes dos 18anos ou seja a partir dos 15! Para além disso actualmente num plantel de 25jogadores num clube da premierleague pode haver 17 jogadores que não tenham sido formados localmente, ou seja 17jogadores formados noutro pais! A ideia da associação de futebol inglesa é reduzir este número de 17jogadores "estrangeiros" para 13, obrigando assim ao aumento da inscrição de jogadores formados localmente, sendo que 2jogadores inscritos têm de ser formados pelo próprio clube.  De acordo com os números da edição anterior da Liga Inglesa, 15clubes não cumpriam as regras caso estas fossem postas em prática no imediato!!!!


Os clubes para já não parecem gostar muito desta ideia, mas esta mudança de regras e a obrigação de ter mais jogadores formados localmente ajuda a perceber os valores pagos pelo City ao Liverpool por Sterling e as sucessivas propostas do Chelsea por Stones, o negocio entre clubes ingleses já é normalmente inflacionado mas agora atinge valores hiperinflacionados, nem queremos imaginar quanto não seriam agora os 20M pagos pelo United pelo Phil Jones!!! (O roubo da década passaria a ser o roubo do século)!  Os clubes não querem vender os seus grandes talentos e clubes como Chelsea e City vêem-se obrigados a cometer loucuras para poder continuar a ter planteis super competitivos caso as regras entrem em vigor.
     
A necessidade de mudança é explicada pelo presidente da federação inglesa, Greg Dyke, que aponta a falta de oportunidades para jovens jogadores ingleses como uma das razões para o sucessivo fracasso da equipa nacional de Inglaterra, isso aliado à falta de qualidade nos treinadores e ao fraco nível das instalações para o futebol jovem (ele não deve conhecer a realidade portuguesa em termos de instalações!!!), e ainda ao facto de haver uma liberalização do jogador comunitário na Premierleague e não só do jogador inglês.
Se esta é uma forma de melhorar a competitividade do jogador inglês duvido, uma vez que fará em primeiro plano um decréscimo do número de estrelas em cada equipa, haverá certamente uma quebra na competitividade nos planteis principalmente nos mais fortes que continuarão a contar com estrelas de todos os cantos do mundo, mas em menor escala num plantel, provavelmente trará sim mais visibilidade ao jovem inglês e um maior equilíbrio entre as equipas.
Depois criará outro efeito que podemos assistir já no futebol nacional, que é o facto de os clubes ingleses tenderem a comprar as promessas da formação de clubes europeus mais cedo de forma a que eles cumpram no futuro os requisitos para formação local. Este verão assistimos à contratação por parte do Arsenal do guarda-redes juvenil do Benfica, João Virgínia! Será isto bom para jogadores e clubes nacionais? Coloco as minhas dúvidas, para já estão a afastar um jovem do seu país, quando esta ainda nem a maioridade atingiu, a marcar um trajecto no jovem que na maioria das vezes acaba por não resultar, até que ponto não estamos a assistir a um exagero e ultrapassar limites em prol do negócio? E mesmo para o clube português será um caminho dúbio, já que em primeiro plano se assiste a um desfalque da qualidade das suas equipas de formação e possível desperdício de uma aposta de futuro onde poderia obter mais frutos desportivos e financeiros. Para além disso e voltando ao futebol sénior para os clubes nacionais, nomeadamente os grandes clubes nacionais a restrição a jogadores estrangeiros limita um mercado que tem sido comprador dos jogadores que actuam no nosso país o que será negativo para as vendas que sabemos que os nossos clubes infelizmente tem necessidade de fazer ano após ano.

Para já ainda a procissão vai no adro, e num espaço de 4anos tudo pode mudar e não seguir em frente a reformulação no futebol inglês, mas enquanto se especula os Sterling Stones vão rolando a preços exorbitantes enquanto por cá se conta os tostões para ter jogadores emprestados de equipas b ou algum estrangeiro vindo de uma divisão secundária qualquer, já dizia o outro "deus da nozes a quem não tem dentes".

BrunoAFNunes

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