Porto vs Benfica - Uma visão tática

Benfica:   Júlio César; Maxi, Luisão, Jardel Eliseu; Samaris, Pizzi, Talisca, Gaitan; Jonas, Lima Porto:  Helton; Danilo, Maicon, Ma...

Benfica: Júlio César; Maxi, Luisão, Jardel Eliseu; Samaris, Pizzi, Talisca, Gaitan; Jonas, Lima
Porto: Helton; Danilo, Maicon, Marcano, Alexsandro, Casimiro, Ruben Neves, Evandro, Oliver Brahimi; Jackson

Pré-Jogo:

Jorge Jesus podia apostar em Ola John, Ruben e Talisca para o lugar de Sálvio, que ficou de fora devido a lesão. A aposta em Talisca em vez de Ola John tem maioritariamente a ver com a preocupação em ganhar as primeiras e segundas bolas, abdicando de um jogo vertiginoso, de transições que não eram, de todo, o que o Benfica precisava, pois o empate servia as aspirações dos encarnados.

Lopetegui a fazer entrar Helton em vez de Fabiano, uma aposta que não surpreende uma vez que este último não apresenta qualidade para uma equipa que joga com a defesa subida, e necessita de um guarda-redes rápido e que saiba ler o jogo, reduzindo o espaço nas costas da defesa. Quaresma e Herrera de fora, rendidos por Ruben Neves e Evandro - uma clara gestão da equipa devido à jornada europeia, com a passagem de Oliver Torres para a ala que com movimentos de ruptura para o centro do terreno poderiam abrir espaços para a entrada de Danilo.

O Jogo:

Duas equipas a entrarem nervosas, com um jogo muito disputado nas primeiras, segundas e terceiras bolas, com muitas faltas e com pouca espectacularidade. Benfica a jogar com a linha defensiva bastante subida e a reduzir o espaço onde se disputava a bola. O Porto, ao não conseguir trocar a bola à vontade, tentava explorar o espaço atrás das costas da defesa encarnada, com bolas longas e jogo direto para Jackson. Por sua vez, era isso o que o Benfica queria, anulando este tipo de jogadas ou com foras de jogo (7 no total) ou através de Luisão, Jardel e Samaris, ou em último caso, com Júlio César. Neste tipo de jogo - de defesa muito subida - arrisco dizer que quem joga ao lado de Luisão sujeita-se a jogar bem, tal é a mestria com que ele controla a defesa encarnada.

A estratégia do Benfica era não deixar o Porto jogar, como tal, a intensidade de jogo e a pressão eram constantes, não permitindo a troca de bola. No entanto, como era de esperar, a intensidade da partida desceu, pois não havia condição física que aguentasse tal nível de pressão constante, permitindo nos últimos 10 minutos da primeira parte que o Porto ficasse por cima e criando uma ou outra situação de "sururu" na área encarnada.

Na segunda parte sai Ruben Neves e entra Herrera, o Benfica deixa de fazer tanta pressão no meio campo, o Porto não consegue organizar jogo e o Benfica aproveita para criar situações de transição e ataque organizado, com Pizzi a ter mais espaço e Jonas a dar mais ao Jogo. No geral, Pizzi a revelar que ainda não tem intensidade para estes jogos, a não conseguir por em prática aquilo que já mostrou (essencialmente na primeira parte) e revelando uma fragilidade acentuada comparativamente a Enzo. Exemplo disso é uma transição em que o Benfica apanha o Porto em 4x3: pedia-se a Pizzi um passe para o seu colega do lado direito e este opta pelo remate, deitando ao ar uma excelente oportunidade!
De Gaitan também pouco se viu, sendo um jogador de Top exige-se que dê mais à equipa e não se esconda nestes palcos.

Com a entrada de Feja, o Benfica abdica de uma construção de jogo, não querendo assumir a responsabilidade, encostando Pizzi à direita e dando músculo ao meio, em vez de cérebro. Jogo dividido a meio campo, com muita luta e pouca clareza, com uma oportunidade flagrante para Fejsa -muito idêntica à de Jackson na primeira parte. Até em oportunidades flagrantes o clássico estava empatado.
Seguidamente, entrou Quaresma para o lugar de Brahimi, o que revelava a falta de ambição por parte de Lopetegui, mas já lá iremos. As alterações foram esgotadas com a entrada do jovem Hernani para o lugar de Evandro, com o intuito de dar ao jogo maior velocidade. No entanto, pouco ou nada trouxe.


Pós Jogo:

Em relação a Jorge Jesus, nada de novo, igual a si próprio e sem necessidade de assumir o jogo fez o que já tinha feito contra as equipas mais fortes do campeonato: subiu a linha defensiva e fez uma pressão muito forte no adversário, não o deixando jogar nem construir. A velha raposa que sabe ganhar aos mais pequenos e quando é preciso recorre ao não futebol para 'empatar' os jogos.

Sobre Lopetegui,  a sua reacção perante grandes desafios é praticamente nula, ou conservadora. Foi assim em Munique e foi assim na Luz, sem decisões arrojadas, sem rasgos de génio que desbloqueie eventuais impasses. O técnico espanhol não parece ter a astúcia corajosa dos campeões (exceptuando contra o Bayern em casa), apresentou uma linha defensiva estática (sem projectar os laterais) e um meio campo de "carregadores de piano" para retirar a iniciativa ofensiva. Se o seu intuito era esse, até foi conseguido, mas depois não havia jogo entre linhas, não houve construção, apresentando um ataque pouco povoado e muito desligado. Neste jogo em que era obrigatório ganhar e num palco clássico do futebol nacional, Lopetegui colocou a equipa a jogar com a rigidez de matraquilhos!

RC

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